Edema Pulmonar
Causado por perda de fluídos sangüíneos através de osmose. Os escaladores começam a perder a capacidade pulmonar gradativamente e tossir tais fluídos. Edemas pulmonares podem ser fatais se não tratados em questão de horas. Um bom remédio para este tipo de edema é simplesmente perder altitude. Este tipo de edema geralmente acontece quanto o escalador não se aclimata corretamente. Algumas pessoas, mesmo depois de longos processos de aclimatação, acabam contraindo edemas pulmonares. Um quadro de mal de montanha pode evoluir para edema pulmonar severo em questão de horas. Cada pessoa responde diferentemente à altitude e para os que ainda não tem experiência, é melhor se prevenir e ficar cauteloso ante edemas pulmonares.
Aumento da Hemoglobina
Estimulada pela falta de oxigênio (hipóxia) a medula óssea produz mais células vermelhas para assim conduzir mais oxigênio para o corpo. Por um lado, isso é bom pois o sangue contém mais oxigênio, mas por outro (aliás, outros dois), o sangue coagula facilmente, especialmente com a desidratação que é normal em altitudes extremas. Pelo fato do sangue se tornar mais espesso, ele circula com mais dificuldade pelo corpo, especialmente nas extremidades. Isso faz com que as calorias sejam mal distribuídas, podendo levar um membro ao congelamento em questão de minutos.
Edema Cerebral
Acima de 4000 metros, um coração normal bombeia muito mais sangue do que se estivesse ao nível do mar. Com o acréscimo da circulação e uma atmosfera 3 vezes menor que o normal, a pressão corporal faz que mais fluídos sanguíneos permaneçam no tecido cerebral. Inicialmente, isso causa dores de cabeça e náuseas. Mas depois de alguns dias de má aclimatação, isso pode chegar a rupturas de vasos sanguíneos e logo à morte. Pessoas com esse tipo de derrames devem ser levadas a altitudes mais baixas imediatamente, caso contrário não há forma de evitar a morte.
Hemorragias retinais
O excesso de fluído sanguíneo nos olhos e também o excesso de hemoglobina, pode causar pequenas rupturas nos vasos capilares na retina. Isso chega a ser normal acima de 5000 metros, é indolor e causa pequenas bolhas de sangue na retina. Mais tarde, essas bolhas podem se tornar maiores e causar perca temporária da visão, que pode ser irreversível.
Desidratação
Para manter o ritmo da circulação, os pulmões acabam trabalhando muito mais do que o normal. Muito mais água é perdida pelo vapor expirado, e isso pode levar logo à desidratação. Médicos recomendam que os escaladores bebam aproximadamente 6 litros por dia. Mas em si, isso já é uma luta, já que a água é conseguida por derretimento de neve. Náuseas e falta de sede, mesmo com a desidratação, são muito comuns nas altitudes extremas.
Fadiga Muscular
Devido ao consumo excessivo de oxigênio, os músculos ficam cansados facilmente. O gasto calórico chega a 2 ou 3 vezes maior que o nível do mar. Mesmo as simples atividades como respirar e dormir, acabam tornando-se cansativas. As reservas de energia dos músculos é consumida rapidamente se a necessidade calórica não for suprida pela alimentação. Acima de 5500 metros de altitude, o corpo não consegue repor mais os gastos, a massa muscular é consumida rapidamente. Isso faz parte da deterioração a que o escalador é submetido em altitudes extremas.
Digestão
O excessivo gasto calórico e também o excessivo consumo de oxigênio por parte dos músculos de maior porte (pernas, braços, abdómen), deteriora o processo da digestão nas grandes altitudes. Os músculos digestivos não trabalham mais como nas altitudes baixas. A zona acima de 5500 metros é chamada de "zona da morte" exatamente por isso. Até este ponto, o consumo calórico e de oxigênio, se balanceiam. Atividades simples como respiração, não requerem tanto oxigênio e calorias, sobrando assim, recursos para a digestão. Mas acima desta altitude, o processo se inverte e o corpo começa a se auto-consumir. A massa muscular é consumida rapidamente. Numa aclimatação mal sucedida (ou mesmo na bem sucedida), é comum que o escalador adquira diarréia. Falta de apetite e ausência de sede também são comuns nas grandes altitudes. É normal numa escalada a uma montanha de 6000 metros, que o escalador perca de 5 a 10 kg de massa. Em 1986, o espanhol Fernando Garrido quebrou o record mundial de permanência em altitude. Ele ficou mais de 60 dias no cume do Aconcágua, com 6962 metros. Garrido perdeu mais de 22 kg e teve que ser resgatado!
Congelamentos
O processo de produção de glóbulos vermelhos no sangue chega a duplicar nos primeiros dias a 5000 metros de altitude. Isso consome grandes quantidades de água e energia. Com maiores quantidades de hemoglobina e glóbulos vermelhos, o sangue ganha maior capacidade de captação de O2. Consequentemente, este fica muito mais espesso. As extremidades corporais (dedos, orelhas, nariz) são as mais afetadas pois não recebem sangue com a mesma rapidez que em altitudes baixas. O frio extremo retira calorias com muito mais rapidez destas extremidades, resultando em congelamento. Para ajudar com o processo de captação de oxigênio, o coração bombeia sangue com mais rapidez, o que gasta mais calorias que já eram quase ausentes.
Mesmo com roupas de penas de ganso (um dos melhores isolantes térmicos existentes) ou de fibras sintéticas, o corpo não quase não consegue produzir calorias e destiná-las às extremidades. A idéia das roupas é de parar um pouco a perca do calor do corpo para o ambiente. Frio de 30 graus negativos é totalmente diferente quando se está a 6000 metros e ao nível do mar. A perca de calor é muito maior nas grandes altitudes.
Beber água e se aclimatar bem é a chave para prevenção de congelamentos em altitude. Mantêr o sangue num estado liqüefeito normal fará com que a circulação nas extremidades corporais seja constante, o que diminuirá os riscos de congelamentos. O uso de aspirinas como medida preventiva é também uma boa estratégia. A aspirina contribui não deixando o sangue engrossar tanto durante o processo de aclimatação.
Nunca é demais dizer: Preste atenção no que você compra para colocar nas suas mãos e pés!!! Em cadeias montanhosas baixas como os Alpes, ou mesmo montanhas baixas ao redor de 4500 metros nos Andes, é aceitável o uso de botas semi-rígidas. Acima disso, ou em cadeias montanhosas nas extremas latitudes (Antártida, Alaska), no mínimo, são necessárias botas-plásticas. Em montanhas de 6000 metros no Alaska e Antártida e em montanhas de 8000 metros é preciso algo mais. Botas com polainas e isolamento incorporado como as Millet OneSport® ou Everest®, dominam os pés dos escaladores nas grandes altitudes. No entanto, é possível escalar com botas plásticas pesadas, com cobre-botas de neoprene.
Luvas têm as suas limitações e por haverem tantos tipos e modelos é difícil uma apropriada. Sempre tenha uma luva nas mãos, mesmo na hora de manipular equipamentos. Há tipos de luvas bem finas que cumprem esta função. À temperaturas ambientes menores que -20†C, é imprescindível o uso de mitons. Não podemos esquecer que adição de vento (sensação térmica menor) e humidade (condução maior), podem fazer com que o seu corpo perca muito mais calorias.
Um grande salto na prevenção de congelamentos nos pés e mãos, foi a invenção de aquecedores químicos. Geralmente estes vêm em pequenos sacos de tecido, pouco maiores que um saquinho de chá. Ao entrar em contato com o ar, eles produzem calor de até 80†C. Aquecedores químicos podem ser usados no interior de luvas e botas e geram calor por até 8 horas.
(Maximo Kausch)
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Efeitos da altitude na fisiologia e o processo de aclimatação
O corpo humano é perfeitamente adaptado para operar no habitat em que nasce e vive a maior parte da sua vida. Condições de temperatura, pressão, gravidade e radiação, entre outros fatores, fazem parte das variáveis que atuam sobre nossos processos físicos, químicos e biológicos.
Imagine como seria se a força da gravidade fosse como a da Lua, onde um salto para cima nos ergueria vários metros do solo. Com a nossa musculatura terraquea poderíamos escalar XI grau com facilidade. Por outro lado, em Júpiter, não conseguiríamos nem dar um passo, e provavelmente seríamos esmagados só com o peso do próprio corpo. Aliás é um absurdo em filmes de ficção científica, os personagens se deslocando por diversos planetas diferentes e caminhando como se todos os planetas tivesses exatamente 1G de gravidade. Muito inverossímil... essas mentiras só perdem para os filmes de escalada feitos pelos mesmos estúdios de cinema.
E a radiação solar? Se não fosse a camada de ozônio e o campo eletromagnético da Terra para nos proteger dos ventos solares, estaríamos fritos, literalmente. O mesmo acontece em relação à temperatura e pressão. Existe um equilíbrio interno que rege o bom funcionamento do corpo humano, e qualquer alteração nas condições externas irá ter uma influência neste equilíbrio, e conseqüentemente na fisiologia humana.
Quando estamos nas montanhas altas, sentimos os efeitos da altitude. Depois de respirar o ar da montanha, a hemoglobina (ou glóbulo vermelho) transporta o oxigênio para todas as células do corpo através da corrente sanguínea. A quantidade de hemoglobina que temos no nosso sistema é adequada à quantidade de oxigênio que inalamos no nosso habitat natural. Porém na medida que subimos de altitude, a quantidade de oxigênio disponível diminui, e isso ocorre devido à variação da pressão atmosférica.
(Filippo Croso - Webventure)
Fonte:
www.zone.com.br
www.gentedemontanha.com
http://mundoestranho.abril.com.br